A obra da Igreja, sempre interrompida em época de moagem da cana-de-açúcar, foi sustentada com taxas cobradas sobres às terras da aldeia de Santo António de Guarulhos (Campos dos Goytacazes), já ocupadas por brancos, mas que antes haviam sido dos índios. Colaboraram com a obra várias famílias de Campos e fazendeiros com terras próximas à Aldeia que cooperaram com escravos, bois, mestre de obra, oleiros, serralheiro e dinheiro.
O monumental templo chamou a atenção pela grandiosidade da obra, principalmente pela sua cúpula. Em linhas arquitetônicas de reflexo italiano, de gosto toscano em sua construção em cruz. O barroco italianizado predominou na colônia durante o governo de D. João V em Portugal, na primeira metade do século XVIII, quando as paredes ganharam curvas, as volutas apareceram nos frontispícios. Nas talhas, os retábulos utilizavam novos ornamentos como o baldaquino e a coluna salamônica. As esculturas ganharam maior leveza e nos forros do teto foram empregadas pinturas em perspectiva ilusionista.
Curiosamente, seu campanário, separado do corpo da Igreja e sua fachada, que reflete a transição do renascimento para o barroco, parece terem sido inspirados; o primeiro na catedral de "Santa Maria Del Fiore" em Florença e o segundo na "Igreja de Jesus em Roma , sendo esta uma construção jesuíta.
O major Henrique Luiz de Niemeyer Belegard, engenheiro do Império, esteve em Campos em 1837, objetivando levantamentos para obras de melhorias no município, principalmente nas estradas e drenagem das áreas alagadiças. Indo a São Fidélis, se encantou com a grandiosidade do templo para um lugar tão simples. Pede então em relatório, a atenção do Governo Provincial para a restauração "dessa interessante Igreja" que se encontrava abandonada e em ruínas. Nele Bellegard explicou que os padres usaram o saibro, espécie de argila da região, misturada a pequenas quantidades de cal e areia para fazerem o altar, a pia batismal e os tijolos de 3 palmos de espessura. Mas as obras de restauração só foram iniciadas por volta de 1845, depois da Igreja ter sido elevada a Matriz, tendo sido concluída em 1852. Mesmo assim as obras não foram completas e radicais, logo voltando a apresentar rachaduras que provocaram novos estragos.Provavelmente a maior reforma já executada foi a partir de 1962, realizada sob a orientação do Dr. Ruy Seixas, com recuperação das abóbadas, colocação de vitrais e painéis de azulejo em substituição a pintura de fundo do altar principal, e embora tenham descaracterizado o templo em sua fachada, conseguiram manter quase intacta a área interna e a Igreja pôde resistir como marco da arquitetura brasileira.
Fonte: Coleção Conhecendo
Julio Boldrini & Sylvia Petrucci
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